Fala comigo doce como a chuva...

Tão bonito o que esta moça escreveu...E ela ainda deu um nome para a Mulher: Tânia! Não vou esquecer....E, que bom ler-sentir as Sensações, que são dela. E também minhas.

"Sensações. Muitas sensações. O frio das poças embaixo dos pés. A angústia da dúvida e da solidão. O medo do abandono e, ao mesmo tempo, o fato de já estar completamente sozinha. Tânia queria viver num quarto de hotel para sempre. Sairia apenas para ir ao cinema. Acordaria num dia de chuva, escutaria o barulho da água batendo na janela por alguns minutos e voltaria a dormir. Não leria o jornal. Não veria televisão. A vida dela seriam os livros. E o cinema, às vezes.Imaginava-se nessa situação por vinte e cinco anos. E via na mente a cena se repetir uma, duas, três, quatro, infinitas vezes. Não enxergava tudo só por uma vez porque havia ele. E a presença dele modificava toda a história. De repente, ele estendia os braços e oferecia-lhe a mão esquerda. Ela fingia que não, mas o coração disparava e ela se enchia novamente de esperança. Queria ser amada, queria o calor do abraço dele, o beijo molhado, o olhar interessado.Dançavam, então, juntos, por alguns dias. Giravam, caíam no chão, ainda que houvesse a água da chuva. E se amavam. Novas sensações. O vestido e tudo o mais molhado pela água que caía do céu, da parede, da boca dela, de todos os lados.E, enfim, a angústia se renovava com a repetição das cenas que ele não sabia evitar. E de novo ela se via num quarto de hotel, sozinha, sob o codinome de Caroline Turner. Imaginava a arrumadeira preparando-lhe o banho quente. E desejava de antemão dar-lhe uma gorjeta por amenizar sua solidão irremediável.Passavam-se, então, cinqüenta anos de sua existência. Cinqüenta anos. Meio século. Quase uma vida inteira. E ela se via no espelho com cabelos brancos que nunca havia notado antes. Envelhecera. E nem sequer se lembrava dos nomes das pessoas que conhecera antes de chegar ali.
***Samira Ávila, então, tomou um banho frio diante da platéia atônita e desacostumada com espetáculos dos sentimentos mais íntimos. Novamente, sensações. E a mais recente era de felicidade, por finalizar mais um dia de apresentação.Agora, queria ir para o hotel. Tomar um banho quente e esperar a volta para a cidade. A sua cidade.
p.s.: texto baseado na peça de mesmo título, plenamente assistida nesta noite de sexta-feira, em Varginha. Qualquer semelhança é mera coincidência. "

Tá lá no blog dela, junto a tantas outras palavras bonitas....http://www.palavravulsa.blogspot.com/
Adorei a Tânia!
Beijos
Samira