sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

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Ausência de grandes destaques é a marca do ano
Soraya Belusi

Não se trata de crise criativa. Talvez, apenas uma espécie de entressafra, afinal, Minas Gerais já provou que entrou de vez no mapa das artes cênicas do Brasil e não foi à-toa. Mas o ano de 2008 nos palcos mineiros não foi marcado pela estréia de grandes espetáculos. Não que o público belo-horizontino não tenha tido a possibilidade de assistir a boas montagens, mas nenhuma delas se sobressaiu de maneira significativa em relação às demais. Ainda assim, algumas peças merecem ser ressaltadas.

Começando por “Arande Gróvore”, aposta ousada das diretoras Inês Peixoto e Laura Bastos. A ousadia não vem pelos elementos inovadores de cena, mas por levar para as ruas da cidade uma atmosfera lúdica, de magia. É sob a copa de uma grande árvore que bicicletas deformadas e mulheres que falam uma língua própria se instalam.

É nesse mesmo contexto ligado a uma memória afetiva que “As Grandes Lonas do Céu” estabelece identificação com o público. Ótima performance da Cia. Candongas, guiados pelas mãos e, principalmente, pelo belo e poético texto de Fernando Limoeiro.

Samira Ávila e Luiz Arthur proporcionaram ao público mais um belo dueto de atuação em “Fala Comigo como a Chuva”. Sem fazer muito alarde, o trabalho dirigido por Cynthia Paulino é realmente tocante. A sintonia entre os atores é fundamental para acreditarmos na total falta de harmonia entre aquele casal que representam.

Uma aposta da Fundação Clóvis Salgado, a ópera infantil “A Redenção pelo Sonho” foi muito bem-vinda; assim como a nova montagem de “Aída”.

E, dentro do mundo das artes cênicas, ainda há espaço para ressaltar a dança. A Cia. Mário Nascimento brindou seus dez anos com uma estréia à altura: o espetáculo “Faladores”.
Momentos de extrema sutileza, como no início do espetáculo em que Rosa Antuña (sensacional) parece costurar palavras que saem de sua boca.
Publicado em: 26/12/2008

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