domingo, 10 de janeiro de 2010

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Da paixão cansei-me (pode acolher tanta morte um corpo, esse mesmo que brilha à luz do desejo, esse mesmo que guarda a promessa da alegria).
A verdade gastou-se (isto é o mais fácil de compreender: a verdade gasta-se, quando chegamos ao lugar de a encontrar, sabemos por fim que não existe).
Sobrou o que sou e o que não sou também, pelo meio a linha de uma estreita solidão,
e é isto que te dou (isto o que te posso dar).
Só aqui, só agora, este sorriso de estar vivo, e por vezes o cansaço,
tantas vezes o cansaço (que embora não pareça, faz parte do sorriso).
E agora já me entendes? E agora ainda me queres?

- Jorge Roquein Telhados de Vidro nº13, Averno

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