terça-feira, 31 de março de 2009

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Terça-Feira, 31 de Março de 2009

Busca por diversidade geográfica
É a promessa da organização para futuro da mostra curitibana que encerrou domingo sua 18ª edição

Beth Néspoli


Terminou ontem a 18ª edição do Festival de Curitiba. A próxima deve ocorrer entre os dias 16 e 28 de março e buscará maior amplitude geográfica, mais espetáculos das regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte, segundo afirmou o diretor Leandro Knopfholz ao realizar o seu balanço do evento. A concentração de montagens das regiões Sul e Sudeste foi uma das críticas feitas pelo Estado à programação deste ano. Só de Curitiba havia 159 produções entre as 290 do Fringe, número anunciado pelo próprio diretor na entrevista de encerramento.


Na reta final, alguns espetáculos atraíram a propaganda boca a boca. Um deles foi Rosa de Vidro, produção de São Paulo. Na reportagem de abertura do festival, o Estado chamou atenção para a presença, na mostra principal, de duas encenações distintas da peça de Schiller, Mary Stuart. Uma delas, Rainhas (s) era adaptação radical realizada pelo trio Cibele Forjaz, diretora, e pelas atrizes Georgette Fadel e Isabel Teixeira, esta última premiada com o Shell por esse trabalho. A outra, intitulada Maria Stuart, trazia o texto na íntegra na tradução de Manuel Bandeira e tinha Júlia Lemmertz e Clarice Niskier entre os dez atores dirigidos por Antônio Gilberto.

Passou despercebida, no entanto, a presença de duas versões de À Margem da Vida, de Tennessee Williams, de contraponto semelhante. O texto não sofre interferências em Zoológico de Vidro, montagem dessa peça que estava na mostra principal, tem Cássia Kiss no elenco e já havia cumprido temporada em São Paulo. Na programação do Fringe, Rosa de Vidro parte do mesmo texto, mas tem dramaturgia de João Fábio Cabral, que ?acrescenta? ao original textos e ações dramáticas.

Alguns dados da biografia do autor - o original é inspirado em sua história de vida - são acrescidos à cena. A criação de devaneios e pelo menos um solilóquio trazem à tona o que o autor deixara como subtexto. À primeira vista uma ?operação estética? muito perigosa, mas que olhada sem purismos ou reverências excessivas resulta bem nessa a encenação, que conta com direção muito segura de Ruy Cortez e bons intérpretes.

Detalhes, aparentemente simples, são reveladores do domínio do diretor sobre os recursos do palco e imprimem agilidade à montagem dessa peça sobre o convívio familiar na juventude do personagem Tom (claramente alter ego do autor), que ele relembra anos mais tarde. Por exemplo, uma parede de caixas de papelão no fundo do cenário faz às vezes da sapataria onde Tom (José Geraldo Rodrigues) trabalha - e bastam alguns passos para ele passar de sua casa ao trabalho, sem tempos mortos - e, em outra cena, é a cozinha da casa. Num outro momento, a atriz que vive Rose, a filha (Julia Bobrow), simplesmente pega a ponta de um tapete da sala, o acaricia, e a repreensão imediata de sua mãe (Gilda Nomacce) leva o público a perceber que ela tem ao colo um cachorro. No teatro, desde Shakespeare, o espectador sempre aprecia ser chamado a ?construir? junto, a ter sua imaginação estimulada.

A adaptação sublinha o entendimento dessa peça como um pedido de desculpas tardio do autor à sua irmã, cuja sensibilidade, semelhante à sua, não encontrou canal de expressão. O efeito é quase transmutar em força a fragilidade de Rose, vencida afinal pela opressão do ambiente, causada tanto pela pobreza quanto pelo autoritarismo de sua mãe igualmente desamparada. Entre as boas atuações, inclui-se Ricardo Gelli no papel do colega de trabalho de Tom. Só Rodrigues, nas discussões com a mãe e no solilóquio com o amigo, destoa do tom geral, mas acaba de entrar no elenco, o que serve de desconto.

Também de Tennessee Williams, Fala Comigo Como a Chuva, veio de Minas para o Fringe. Dois atores de trajetória reconhecida, Samira Ávila (da primeira formação do grupo Espanca!) e Luiz Arthur atuam sob direção de Cynthia Paulino, numa encenação que buscou valorizar a visualidade, fazendo da água elemento simbólico forte. A peça flagra um casal no momento difícil da ruptura.

A água está nas garrafas que o personagem vira sem conseguir aplacar sua sede (de mudança?), escorre pelas paredes (como o tempo?) inundando o quarto do casal, cai do palco em ducha fria sobre o corpo da atriz. Também simbólicas são as roupas superpostas que ela tira, uma após a outra, para tornar a vestir, as mesmas, porém não mais como antes, agora molhadas. Mas o formalismo nessa encenação sem concessões, que conta com bons intérpretes, acaba por dificultar além da conta a comunicação. Na saída do espetáculo, um casal de cabelos brancos, comentava: "Teria de ler o texto para entender." Não deveria ser preciso.


Na reta final, foi a vez de estrear o juvenil Tá Namorando! Tá Namorando!, do grupo cearense Bagaceira, que participou da mostra principal, com dois espetáculos. O outro, adulto, Lesados, já passara por alguns festivais, com críticas positivas. O juvenil acabou por revelar-se mais infantil, sem que isso seja demérito. A encenação está estruturada em pequenos flagrantes de aproximação: uma menina tenta atrair o olhar de um garoto, o máximo que consegue é uma briga e quando estão aos tapas são interrompidos pelo coro - tá namorando! -, interjeição que fecha todos os esquetes, sempre uma ?acusação? de crianças para crianças. Máscaras e movimento coreografados são bons recursos para fugir de um naturalismo banal, mas tal opção quase ultrapassa limites, tocando a caricatura. Fica na fronteira.

Entre as montagens curitibanas merecem destaque Árvores Abatidas ou Para Luis Melo e Tropeço. A primeira, baseada em texto de Thomas Bernhard, é apresentada na casa do diretor Marcos Damasceno e é um solo de sua mulher, Rosana Stavis, uma atriz talentosa, cheia de recursos corporais e vocais, entre eles o domínio do canto lírico. Cenografia, o bom uso da pontuação musical realizada ao vivo pelo violinista Roger Vaz, e uma adaptação sutil do demolidor texto de Thomas Bernhard completam a qualidade dessa encenação comentada no blog de cobertura do festival. Tropeço é um espetáculo de 35 minutos, que flagra o relacionamento de duas velhinhas, criadas apenas com as mãos pelo casal Katiane Negrão e Dico Ferreira. Bastaria o virtuosismo técnico e já seria um pérola. Mas o desfecho provoca a releitura da cena inicial e imprime um salto artístico à essa criação.

A repórter viajou a convite da organização do festival

http://www.curitibainterativa.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=16917


A “femme bleau” de cada um em excelente adaptação de A Morte de DJ em Paris

Vanessa Martins de Souza
24.03.2009
O premiadíssimo conto do escritor mineiro Roberto Drummond, A Morte de DJ em Paris criador também de “Hilda Furacão”, transformou-se num sensacional monólogo homônimo, adaptado pelo diretor Walmir José e pelo ator Luiz Arthur. A montagem é da Companhia Teatro Adulto, de Minas Gerais, e deixa Luiz Arthur sozinho sobre um tablado guiar as rédeas de personagens diversos originariamente criados por Drummond.

E de forma excepcional. Em 50 minutos, a versatilidade do ator é estarrecedora, ao multiplicar-se nas muitas vozes que irrompem para falar da morte e da vida de DJ (pronunciado em português). Às vezes, o próprio protagonista entra em cena, numa narrativa não linear, cheia de poesia e delírio. Numa dramaturgia encantadora e comovente. Em que apenas um vislumbre de quem era DJ é permitido. Todos estão ali para contar um pouco sobre quem era DJ, as passagens da vida dele, um frágil e decadente professor do interior de Minas. Que tinha o singelo sonho de ir para Paris e encontrar a sua femme bleu (mulher azul). O que teria acontecido a DJ, que fim, afinal, teve ele, não é revelado.
A montagem baseia-se num conto sobre o Brasil da ditadura militar, mas não tem nada de “datada”. Faz apenas breves citações pertinentes à época, sobre musas como Leila Diniz e outras. Depois dos 50 minutos, uma aura de mistério permanece sobre a vida e morte de DJ, como um convite feito para sonhar, com a mesma inocência, em ir para Paris, ou talvez, Pasárgada, ou para onde quer que nos dê na telha, em busca de nossa “femme bleu”, também.

Ficha Técnica
BELO HORIZONTE - Minas Gerais
Direção: Walmir José. Com Luiz Arthur.
Companhia Teatro Adulto

sábado, 28 de março de 2009

Diário de Bordo 21 - 24 março 19h30 Bye bye Curitiba!







Fotos by Cy - nervosa com o tempo + avião + turbulência kkk e também feliz, feliz demais. Dever cumprido, estamos voltando pra casa com um sorrisão 'desse tamanho'.
Amamos tudo, esses dias em Curitiba foram um presente pra gente. Amém!

Diário de Bordo 20 24março - O Par perfeito







Diário de Bordo 19, 24 março Fala Comigo D.J!











Fala Comigo às 13h, D.J às 16h - no meio disso desmontar um para guardar no caminhão, reorganizar o espaço para o outro, comprar lanche, sossegar o coração - a saudade de casa já bate bem apertadinha.

http://festivaldecuritiba.blogspot.com/2009/03/jornalistas-elegem-melhores-espetaculos.html

JORNALISTAS ELEGEM MELHORES ESPETÁCULOS

Os espetáculos Rainha [(s)] duas atrizes em busca de um coração e Fala Comigo Como a Chuva, respectivamente da Mostra 2009 e do Fringe, foram eleitos pela imprensa que cobriu o Festival de Curitiba como as melhores produções do evento.

Na coletiva de encerramento realizada neste sábado com o diretor do Festival, Leandro Knopfholz, quinze jornalistas votaram nas produções que mais agradaram, cada qual em sua categoria.

Veja o ranking dos cinco mais votados em cada mostra.

Mostra 2009
1º Rainhas
2º A Mulher que Ri
3º Inveja dos Anjos
4º Autopeças*
5º Sin Sangre**

Fringe 2009
1º Fala Comigo Como a Chuva
2º Tropeço
3º Delicadas Embalagens
4º Árvores Abatidas
5º O Beijo

*Os espetáculos Apropriação e Talvez foram as montagens mais votadas do projeto Autopeças.
**O espetáculo Sin Sangre fez apenas uma (das três) apresentações na data da votação.

http://jbonline.terra.com.br/leiajb/noticias/2009/03/27/cultura/evocacoes_de_infancia_e_loucura.asp

(...)No Fringe, os quase 300 espetáculos oferecidos a plateias, vazias e apáticas na grande maioria das vezes, são confrontados com números do diretor geral do festival, Leandro Knopfholz. Das 213 mil cadeiras disponíveis nos 14 dias do festival curitibano, 180 mil deverão se ocupadas até o final, neste domingo. Dessas, 54 mil devem ser preenchidas pelo público da Mostra, enquanto as restantes aguardam o público no Fringe. São números expressivos, tanto em uma quanto em outra, mas a excessiva oferta do Fringe, a distribuição dos espetáculos pelos mais diversos espaços num mapeamento que inclui das ruas até auditório de hospital, e a dúbia qualidade de tantas delas, faz com que seja difícil estabelecer algum critério para assisti-las.

O Fringe abriga 130 peças de Curitiba, oportunidade para que a produção local possa ser vista em perspectiva. Não é animador o que se constata apenas pelos títulos de algumas (A gorda e o anão, A origem dos babacas, Divorciadas, evangélicas, vegetarianas, Eu quero sexo – parte 8, Formigas glitter). Ainda que predominem, não são únicas, também podem ser vistas montagens que respeitam a inteligência do espectador. Com todas as suas limitações, Melan & Colia tenta desenvolver a partir da técnica de clown uma narrativa inspirada em Beckett. Delicadas embalagens explora com algum sopro juvenil as possibilidades de linguagem de trama adolescente. E Árvores abatidas, adaptação do cáustico romance do austríaco Thomas Bernhardt, na encenação de Marcos Damaceno oferece à atriz Rosana Stavis a oportunidade de um solo provocativo.

Do Rio vieram alguns espetáculos, como Uber, com Luis Salém, A valsa nº 6, direção de Ricardo Kosovski, Perdoa por me traíres, versão de Cláudio Handrey e outras mais, como A ronda, experiência frustrada da diretora Alessandra Vanucci em explorar os escaninhos da comédia na violência carioca. E Dizinbolsa, processo em torno de Dias felizes, de Beckett, pela atriz Ruth Mezeck. De Minas, Fala comigo como a chuva, visão performática do texto de Tennessee Williams pela diretora mineira Cynthia Paulino se destacou em meio a tanto disparos na água.

Macksen Luiz
Sexta-feira, 27 de Março de 2009 - 00:00


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Fringe finalmente revela suas pepitas


Miguel Anunciação*
Crítico/Espetáculos

CURITIBA (PR) - Nenhuma outra edição do Fringe atraiu tanta gente: tanto bateu recorde de inscrições (passou de 500) quanto de número de montagens. Na largada dessa edição, 264 títulos angariavam atenções na mostra paralela. Obviamente, desistências já ocorriam antes mesmo de o festival começar: “Amoroscuro”, de Ouro Preto, por exemplo, não pôde vir por escassez de tempo para fechar os ensaios.
Há tempos o Fringe tem sido fonte de belos achados. Foi assim com o Espanca!, a Cia Clara, a Luna Lunera, todos de Minas. Mas as edições anteriores nunca haviam demorado tanto a apresentar pepitas. Uma é de Minas - “Fala Comigo Como a Chuva” ganhou comentários elogiosos, espaços generosos.
Um dos melhores trabalhos da temporada mineira de 2008, a montagem da Cia Teatro Adulto pode render a Samira Ávila os dois prêmios de Melhor Atriz. Ela, que já atuou no Espanca!, dificilmente encontrará concorrência à altura. A luz de Telma Fernandes também deve concorrer aos prêmios. É ótima.
O texto curto de Tennessee Williams não reserva muito espaço para Luiz Arthur, sujeito que volta para o lar após uma temporada de desregrada bebedeira. Excelente ator, Luiz parece aquém da tarefa de insinuar as intenções do seu personagem com tão poucas palavras. A direção de Cynthia Paulino, a primeira num patamar profissional, demonstra traquejo. Ergue um espetáculo digno, convincente. Talvez redundante na escolha das canções da trilha, um tanto legendas, e seja menos feliz em certas escolhas (a água que escorre ao fundo, um painel com um recorte de Klimt, figurinos seguidamente tirados, molhados, recolocados; e vasos de vidro no canto esquerdo do palco), que não colaboram para sugerir mais camadas de interpretação do texto e das situações. Ainda assim, o espetáculo se impõe. É altamente recomendável, e um nível tão consistente que o destacou entre centenas de alternativas em Curitiba.
Outro destaque do Fringe até aqui é “Além da Mágica”, show de ilusionismo do paulista Célio Amino, ainda que soe realmente estranho que um show de mágica chame tanta atenção num festival consagrado ao teatro. Além de o teatro não estar grande coisa neste Fringe, o espetáculo de Amino é encantador, um grande programa para espectadores de todas as idades. Além de os números impressionarem, o espetáculo propõe uma dramaturgia básica, de como um garoto atento, curioso, aprendeu esta técnica milenar com um mestre japonês. Ele mesmo um descendente de japoneses, Amino é um mágico diferenciado: não incorre no arrogância da performance, na ilusão de que domina completamente seu ofício. Tanto cede a impressão de poder falhar, como não se desespera com esta possibilidade. Todo o espetáculo é perpassado por falas de cunho filosófico, inclusive que cada um dos mágicos, isoladamente, perpetuariam uma tradição. Amino perpetua, com imensa graça.
Esta bela criação supervisionada por Chiquinho Medeiros, poderá ser vista em outros praças, muito em breve: os curadores dos festivais de Salvador, Nehle Franke, e Ipatinga, Michel Ferrabiamo, pegaram contato. Amino, no entanto, tem agenda cheia em 2010: foi escolhido para participar de uma versão operística de “A Flauta Mágica”, em Paris, dirigida por nada menos que Peter Brook. Sentiu o nível?.

(*) O jornalista viajou a convite do festival.

Diário de Bordo 18 - 24março, Fala comigo: a turminha da cabine - Cy & Ed, Ed & Cy



Diário de Bordo 17 - 24março Fala Comigo 13h organizando o espaço, checando tudinho, já com saudades...