quarta-feira, 18 de março de 2009

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CULTURA
Curitiba volta a receber trupe mineira
Miguel Anunciação Crítico/Espetáculos

Começa o 18º Festival de Curitiba, o evento relacionado ao teatro de maior repercussão no país. A rigor, mesmo, começou ontem, com solenidade para autoridades e shows com bandas. Mas isso não conta. Para quem dá importância às artes, a largada de fato ocorre hoje, quando entra em cartaz a programação do Fringe. Exagerada como sempre, a mostra paralela deste ano escala 264 montagens - haja saúde para conferir tudo!
Mas, antes mesmo de iniciar, já registra uma baixa: “Amoroscuro”, da Cia Insanacena, de Ouro Preto, desistiu de ir.“Não conseguiu finalizar a peça”, argumenta Luiz Augusto Martins, diretor da montagem, baseada em vida e obra de Federico García Lorca. A estreia foi adiada para maio. Já “Rato de Subsolo, do grupo Residência, esteve a pique de não ir por falta de recursos: em função da crise, a prefeitura de Ouro Preto viria arrecadando 30% menos e justificou não ter como contribuir para as despesas de viagem, orçadas em R$ 9 mil. “Mas tendo ou não ajuda vamos viajar, mas faremos só duas sessões e não quatro, como estava previsto”, afirma Julliano Mendes, diretor da montagem, em processo de pesquisa há um ano e meio. De Ouro Preto também segue “O Causo de Geraldo ou a Infinita História de Amor em Sete Noites de Lua Cheia”, da Cia Estandarte. Dirigida por Marcelino Ramos e interpretada por Gustavo Pacheco, esta montagem de rua cumpre apresentações em Curitiba entre os dias 24 e 28. Se baseia num personagem real, de São Miguel das Antas, na Zona da Mata, que viajava para contar causos e descobrir “a maior história de amor”. O espetáculo será apresentando em Ouro Preto, às 17 horas de domingo, e nos dias 10 e 12 de abril, em Serra dos Alves e Itabira.
É a primeira vez que Luiz Arthur vai a Curitiba. Apesar do risco de viajar sem patrocínio, ele segue animado pela qualidade e pelo retorno do público aos seus espetáculos, “A Morte de DJ em Paris” e “Fala Comigo Como a Chuva”. E pela “semente que o teatro Minas teria plantado no festival”, aludindo ao sucesso alcançado por Espanca!, Luna Lunera e Cia Clara. “Cheguei a pensar em desistir, mas quando a organização me ligou entendi como um ultimato e resolvi encarar, apesar de ter ficado traumatizado com a montagem de ‘A Falecida’, em que contraímos dívidas até o dinheiro do patrocínio chegar, de última hora”.Luiz perceberia ainda “surpresas bem legais” relacionadas aos seus espetáculos: “Tem dois textos de Tennessee Williams na Mostra Principal, mas ‘Fala Comigo’ é o único no Fringe. Estreei DJ em 1999 e todo ano ameaçava levá-lo a Curitiba. Vou agora, no Ano da França no Brasil, e para onde tudo começou para este texto do Roberto Drummond, que chamou atenção ao vencer o Concurso de Contos do Paraná”.
É a quarta vez que Enedson Gomes vai à capital do Paraná. Desta vez, divide a cena com Ana Campos em “O Lustre”, texto e direção de Antônio Hildebrando. Estaria escolado pelas dificuldades de ser visto entre tantas alternativas colocadas pelo festival: “É uma oportunidade muito bacana de mostrar seu trabalho, fazer contatos e torcer para ser notado pela imprensa nacional. É o único grande festival que abre esta chance, mas não se pode contar que ela”. Com o que ganhou pelas apresentações na Campanha, praticamente pagou os custos da montagem. Na viagem - em carro próprio, uma carretinha atrás, puxando o cenário -, estima gastar mais R$ 3 mil.
Do Fringe também são de MG: “Canoeiros da Alma”, de Uberlândia; “O Palhaço da Vida”, de São João Nepomuceno“; e “Dois de Novembro”, que o produtor Rômulo Duque buscou recursos na lei estadual para viajar. “A expectativa é boa. O espetáculo tem o perfil do festival e uma produção adequada”.

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