quinta-feira, 5 de março de 2009


As agulhas do palheiro
Com um dia a mais, Fringe apresenta coletivos curitibanos e sucessos de outros estados.

Veja destaques

Publicado em 18/02/2009 Luciana Romagnolli


O Fringe, mostra paralela do Festival de Curitiba, cresceu. E a boa notícia é que não foi em quantidade, mas em duração. As 290 peças confirmadas até o momento se espalharão por 12 dias de evento – um a mais em relação à seleção oficial–, de 18 a 29 de março.
Outra boa nova para as companhias que se aventuram nesse palheiro é que a organização do festival se preocupou em aperfeiçoar as ferramentas de divulgação, para que o público não fique tão perdido diante do volume de opções, e os artistas não sejam

esquecidos em teatros entregues às moscas.
A “bússola” será o novo site (ainda em construção), que concederá aos espectadores a oportunidade de registrar suas opiniões sobre as peças que viram, engrossando o boca-a-boa que move a mostra paralela. As companhias também terão mais chances de “se venderem”, com a possibilidade de atualizar suas informações a qualquer momento e – o mais impactante na era do Youtube – incluir vídeos das montagens.
Enquanto tudo isso não começa a funcionar, as dificuldades para rastrear o que vale a pena ser visto no Fringe continuam. Alguns espetáculos, como Fala Comigo Como a Chuva, chegam com referências positivas. Os mineiros da Companhia Teatro Adulto conquistaram o Prêmio Myriam Muniz, da Funarte, e elogios do crítico Miguel da Anunciação, de Belo Horizonte, com essa peça do norte-dramaturgo americano Tennessee Williams. E A Coleira de Bóris traz na bagagem indicações ao Prêmio Shell de melhor texto (Sérgio Roveri) e direção (Marco Antônio Rodrigues).
As recifenses Que Muito Amou, com a Cênicas Cia. de Repertório, e Fio Invisível da Minha Cabeça, da Cia. do Ator Nu, ambas adaptadas de obras de Caio Fernando Abreu, estão cotadas para participar do Porto Alegre Em Cena 2009 (evento com curadoria). Já a sergipana O Santo e a Porca, do Grupo Oxente de Teatro, vem de uma trajetória de sucesso iniciada em Aracaju.
Outra artimanha válida é concentrar as atenções nas companhias que se agrupam. No terceiro ano da mostra Novos Repertórios, cinco grupos curitibanos se revezarão sobre o palco do Teuni. Acruel Companhia de Teatro, dirigida por Nina Rosa e Márcio Mattana, retoma sua primeira montagem, estreada em dezembro passado: As Ruas de Bagdá ou Aranha Marrom Não Usa Roberto Carlos, uma teia de ideias sobre a multiplicidade de olhares própria dos tempos atuais. Nina Rosa, integrante da Cia. Provisória, também dirige Na Verdade Não Era um Sinal de Vá Tomar no Cu, texto narrativo, de tons surreais, escrito por Luiz Felipe Leprevost.
O grupo Heliogábulus entra no universo do teatro fantástico, resvalando na tríade transgressora metamorfose-sexo-escárnio, com Le Magnifique Nouvelle de La Passion, e a Companhia Silenciosa é responsável pela intervenção Los Juegos Provechosos, na Praça Santos Andrade.
A quinta montagem a figurar entre os novos repertórios é Jornal da Guerra contra os Taedos, peça que A Armadilha Cia. de Teatro estreia hoje (18), às 21 horas, no Teatro Novelas Curitibanas (Rua Carlos Cavalcanti, 1.222).
O exemplo foi seguido. Mais quatro companhias da nova geração uniram forças no Coletivo de Pequenos Conteúdos, cujo palco será o TUC. “A nossa ideia foi que também a gente pudesse ter um espaço de encontro para experimentar e discutir propostas estéticas em comum. São peças de curta duração, de grupos que já fazem um trabalho continuado de pesquisa”, diz Thiago Inácio, integrante da Cia. Transitória, que apresenta Óquei!, espetáculo derivado de intervenções urbanas.
Nina Rosa é o ponto em comum entre os coletivos. Neste, ela aparece dirigindo O Beijo, texto contemporâneo do dramaturgo americano Mark Harvey Levine (autor de Aperitivos). Formigas Glitter, um drama nonsense, do Núcleo de Espetacularidades N.A.R.K.O.S.E.; e Self Service: Psicodrops, obra da Cia. Subjéteis sobre a sociedade do espetáculo, completam a programação.
A Casa Vermelha abriga atrações escolhidas pelo grupo Os Satyros, que refletem, guardadas as proporções, a programação típica da Praça Roosevelt, em São Paulo. A começar por Uma Pilha de Pratos na Cozinha, pela qual o dramaturgo e diretor Mário Bortolotto arrecadou elogios da crítica paulista. E o ator Luis Salem encena a comédia Über, de sua autoria.
Chamam a atenção pelo elenco As Ondas, colagem de seis monólogos com os atores Chistine de Macedo, Chiris Gomes, Raniere González, Rodrigo Ferrarini e Simone Spoladore; a comédia De Graça, Mas Tem Que Pagar, de Katiuscia Canoro ( a Lady Kate, de Zorra Total) e Fabiula Nascimento (do filme Estômago); e o drama de Plínio Marcos Dois Perdidos numa Noite Suja, com André Gonçalves.
Serviço:
Mostra Contemporânea, de 19 a 29 de março.

Fringe, de 18 a 29 de março.
Bilheteria Central – Shopping Mueller (R. Candido de Abreu, 219). Segunda a sábado, das 10 às 22 horas. Pagamento em dinheiro ou cartões Mastercard (crédito) e Redeshop (débito).
Por telefone: Ingressos a venda pelo call-center 4003-1212, de segunda a sábado, das 9 às 22 horas, e domingos e feriados, das 11 às 19 horas.
Pela internet:
www.ingressorapido.com.br.
Informações: (41) 3378-4825.Preços: Mostra Contemporânea: R$ 40 a R$ 20. Fringe: R$ 50 a entrada franca. Risorama: R$ 40. Mish Mash: R$ 40. Festas: R$ 40. Descontos não-cumulativos para estudantes, maiores de 60 anos, associados ao Sated, clientes Itaú e clientes Unibanco.

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