quinta-feira, 21 de maio de 2009
PRESENÇA
É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas, teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento das horas ponha um frêmito em teus cabelos... É preciso que a tua ausência trescale sutilmente, no ar, a trevo machucado, as folhas de alecrim desde há muito guardadas não se sabe por quem nalgum móvel antigo... Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela e respirar-te, azul e luminosa, no ar. É preciso a saudade para eu sentir como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida... Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.
Mario Quintana
terça-feira, 19 de maio de 2009
... esse amor a deixaria confinada ao reino dos tolos e simplórios, dos cristãos com violões acústicos ou das mulheres cordatas que optam por continuar sendo teúdas e manteúdas em troca da inocuidade. Todavia esse amor indiscriminado lhe parece totalmente sério, como se tudo no mundo fizesse parte de uma vasta e inescrutável intenção e tudo no mundo tivesse seu próprio nome secreto, um nome que não pode ser transmitido por nenhuma linguagem e que é simplesmente a visão e a sensação da própria coisa. Esse fascínio sólido e permanente é o que considera como sendo sua alma (palavra constrangedora, sentimental, mas de que outra forma chamá-la?); a parte que talvez, quem sabe, sobreviva à morte do corpo.
Mrs. Dalloway - AS HORAS - Michael Cunningham
segunda-feira, 18 de maio de 2009
(ou kkk quem me dera fosse eu ou 'Podia ser a Cy...')
Eat me. I'm a cupcake
(ou mesma coisakkk a gente queria conhecer a Jana pra ela desenhar nossas bonequinhas ou 'Podia ser a Salsa')
Brincando de faz-de-conta... Se a gente pudesse ser uma boneca ou um desenho super-lindo-fofo-fofo... Olha aí... Cy e Salsa... (Depois a gente acha o Paolo e o Luiz Arthur kkk)
Que coisa mais linda as ilustrações e telas da Jana Magalhães, meu Deus!!!
Basta-me um pequeno gesto, feito de longe e de leve,
para que venhas comigo e eu para sempre te leve...
Cecília Meireles
sexta-feira, 15 de maio de 2009
segunda-feira, 11 de maio de 2009

Achava que não podia ser magoada;
achava que com certeza era
imune ao sofrimento —
imune às dores do espírito
ou à agonia.
Meu mundo tinha o calor do sol de abril
Meus pensamentos, salpicados de verde e ouro.
Minha alma em êxtase, ainda assim
conheceu a dor suave e aguda que só o prazer
pode conter.
Minha alma planava sobre as gaivotas
que, ofegantes, tão alto se lançando,
lá no topo pareciam roçar suas asas
farfalhantes no teto azul
do céu.
(Como é frágil o coração humano —
um latejar, um frêmito —
um frágil, luzente instrumento
de cristal que chora
ou canta.)
Então de súbito meu mundo escureceu
E as trevas encobriram minha alegria.
Restou uma ausência triste e doída
Onde mãos sem cuidado tocaram
e destruíram
minha teia prateada de felicidade.
As mãos estacaram, atônitas.
Mãos que me amavam, choraram ao ver
os destroços do meu firma-
mento.
(Como é frágil o coração humano —
espelhado poço de pensamentos.
Tão profundo e trêmulo instrumento
de vidro, que canta
ou chora.)
achava que com certeza era
imune ao sofrimento —
imune às dores do espírito
ou à agonia.
Meu mundo tinha o calor do sol de abril
Meus pensamentos, salpicados de verde e ouro.
Minha alma em êxtase, ainda assim
conheceu a dor suave e aguda que só o prazer
pode conter.
Minha alma planava sobre as gaivotas
que, ofegantes, tão alto se lançando,
lá no topo pareciam roçar suas asas
farfalhantes no teto azul
do céu.
(Como é frágil o coração humano —
um latejar, um frêmito —
um frágil, luzente instrumento
de cristal que chora
ou canta.)
Então de súbito meu mundo escureceu
E as trevas encobriram minha alegria.
Restou uma ausência triste e doída
Onde mãos sem cuidado tocaram
e destruíram
minha teia prateada de felicidade.
As mãos estacaram, atônitas.
Mãos que me amavam, choraram ao ver
os destroços do meu firma-
mento.
(Como é frágil o coração humano —
espelhado poço de pensamentos.
Tão profundo e trêmulo instrumento
de vidro, que canta
ou chora.)
Sylvia Plath
domingo, 10 de maio de 2009
sábado, 9 de maio de 2009
quinta-feira, 7 de maio de 2009
sábado, 2 de maio de 2009
... posso apertar-te com o coração

"Apaga-me os olhos, ainda posso ver-te. Tranca-me os ouvidos, ainda posso ouvir-te, e sem pés posso ainda ir para ti, e sem boca posso ainda invocar-te. Quebra-me os ossos, e posso apertar-te com o coração como com a mão, tapa-me o coração, e o cérebro baterá, e se me deitares fogo ao cérebro, hei-de continuar a trazer-te no sangue."
Rainer Marie Rilke, in Livro das Horas
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Quem sou eu

- Fala comigo doce como a chuva...
- Belo Horizonte, MG
- "Talvez estivessem tão prontos para se soltarem um do outro como uma gota de água quase a cair, e apenas esperassem algo que simbolizasse a plenitude da angústia para poderem se separar."