Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa
...
Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio
E suportar é o tempo mais comprido.
Peço-Te que venhas e me dês a liberdade,
Que um só dos teus olhares me purifique e acabe.
Há muitas coisas que eu quero ver.
Peço-Te que sejas o presente.
Peço-Te que inundes tudo.
E que o teu reino antes do tempo venha.
E se derrame sobre a Terra
Em primavera feroz pricipitado.
...
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
sábado, 18 de abril de 2009
quinta-feira, 16 de abril de 2009
POEMA SOBRE A RECUSA

Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
nem na polpa dos meus dedos
se ter formado o afago
sem termos sido a cidade
nem termos rasgado pedras
sem descobrirmos a cor
nem o interior da erva.
Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
minha raiva de ternura
meu ódio de conhecer-te
minha alegria profunda.
(In "Vozes e Olhares Femininos" -
Edições Afrontamento – Porto – 2001)
Maria Tereza Horta
1937
terça-feira, 14 de abril de 2009
APAGÃO

Quando a nuvem ultrapreta
toldou o céu em definitivo,
quando a última lâmpada
conformou-se à agonia
e as ocupações — exibicionistas
quase todas — não puderam
prosseguir ou ser vistas,
para onde, para o que nos voltamos?
Não para dentro! que ninguém queria
um escuro ainda mais denso.
Fomos nos agarrando uns aos outros
até formar-se uma assembléia, uma algazarra,
votos incompreensíveis instituindo
o Dia Internacional da Noite.
Jorge Emil - http://jorgemil.blogspot.com/
domingo, 12 de abril de 2009
Reunião de Produção: Orações, Projetos, Festivais, Pizza, Cervejinha, American Idol...
sábado, 11 de abril de 2009
CULTURA HOJE EM DIA - Mineiros comentam participação no Fringe 2009
Miguel Anunciação
Crítico/Espetáculos
Oito espetáculos de Minas embarcaram rumo ao Fringe, a mostra paralela da 18ª edição do Festival de Curitiba. Tarefa não muito simples: não bastasse a concorrência - este ano, o número de espetáculos escalados ultrapassou os 260 -, a coordenação do evento não oferece exatamente uma infraestrutura. Quem chega, na maioria das vezes, põe a mão no bolso. “Estamos satisfeitíssimos por ter ido, mesmo com o bolso ainda doendo, porque pegamos empréstimo para enfrentar os custos”, diz o ator e produtor Luiz Arthur, que levou, ao Fringe, “Fala Comigo Como a Chuva” e “A Morte de DJ em Paris”.
Orçada em R$ 8,5 mil, a empreitada da Cia Teatro Adulto envolveu transporte de cenário por caminhão, passagens aéreas, alimentação, hospedagem e material de divulgação. “A estrutura do evento é mínima, aproveitamos só o convênio com o hotel”, diz. O custo e labuta, felizmente, se reverteu em mídia positiva: “Tivemos várias matérias para Fala Comigo, críticas maravilhosas, inclusive o primeiro lugar do Fringe segundo os jornalistas. É só ir ao google. Todos os jornalistas que cobrem teatro no Brasil, estavam lá e nos destacaram”, comenta Luiz, frisando que até “A Morte de DJ em Paris”, escalado em horários ingratos, num teatro fora de mão, foi saudado. “Teve uma crítica maravilhosa”.
Informalmente, a curadora do Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia (FiacBahia), a alemã Nehle Franke falou ao HOJE EM DIA do interesse em levar “Fala Comigo” à segunda edição do evento, em novembro. Teria ficado impressionada com a interpretação de Samira Ávila como a esposa abandonada pelo marido num hotel. Gostado o bastante para justificar o convite. Os desdobramentos da crise econômica determinarão se o convite se confirma ou não.
Mas a Cia Teatro Adulto não deita sobre os louros colhidos na capital paranaense. “Estamos trabalhando muito, mandando nosso material a todos os festivais”, afirma Luiz. “E queremos voltar a nos apresentar em BH, se possível neste primeiro semestre, até porque tivemos casas lotadas e ótimos comentários nas três temporadas que já fizemos”, coloca Luiz, contendo a decepção por “Fala Comigo” ter apenas uma indicação ao Prêmio Sesc/Sated deste ano. “O que posso dizer é que nosso espetáculo sempre teve respaldo de público e crítica”. Bom, não se pode negar o esforço da coordenação em arruinar a respeitabilidade do prêmio.
Crítico/Espetáculos
Oito espetáculos de Minas embarcaram rumo ao Fringe, a mostra paralela da 18ª edição do Festival de Curitiba. Tarefa não muito simples: não bastasse a concorrência - este ano, o número de espetáculos escalados ultrapassou os 260 -, a coordenação do evento não oferece exatamente uma infraestrutura. Quem chega, na maioria das vezes, põe a mão no bolso. “Estamos satisfeitíssimos por ter ido, mesmo com o bolso ainda doendo, porque pegamos empréstimo para enfrentar os custos”, diz o ator e produtor Luiz Arthur, que levou, ao Fringe, “Fala Comigo Como a Chuva” e “A Morte de DJ em Paris”.
Orçada em R$ 8,5 mil, a empreitada da Cia Teatro Adulto envolveu transporte de cenário por caminhão, passagens aéreas, alimentação, hospedagem e material de divulgação. “A estrutura do evento é mínima, aproveitamos só o convênio com o hotel”, diz. O custo e labuta, felizmente, se reverteu em mídia positiva: “Tivemos várias matérias para Fala Comigo, críticas maravilhosas, inclusive o primeiro lugar do Fringe segundo os jornalistas. É só ir ao google. Todos os jornalistas que cobrem teatro no Brasil, estavam lá e nos destacaram”, comenta Luiz, frisando que até “A Morte de DJ em Paris”, escalado em horários ingratos, num teatro fora de mão, foi saudado. “Teve uma crítica maravilhosa”.
Informalmente, a curadora do Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia (FiacBahia), a alemã Nehle Franke falou ao HOJE EM DIA do interesse em levar “Fala Comigo” à segunda edição do evento, em novembro. Teria ficado impressionada com a interpretação de Samira Ávila como a esposa abandonada pelo marido num hotel. Gostado o bastante para justificar o convite. Os desdobramentos da crise econômica determinarão se o convite se confirma ou não.
Mas a Cia Teatro Adulto não deita sobre os louros colhidos na capital paranaense. “Estamos trabalhando muito, mandando nosso material a todos os festivais”, afirma Luiz. “E queremos voltar a nos apresentar em BH, se possível neste primeiro semestre, até porque tivemos casas lotadas e ótimos comentários nas três temporadas que já fizemos”, coloca Luiz, contendo a decepção por “Fala Comigo” ter apenas uma indicação ao Prêmio Sesc/Sated deste ano. “O que posso dizer é que nosso espetáculo sempre teve respaldo de público e crítica”. Bom, não se pode negar o esforço da coordenação em arruinar a respeitabilidade do prêmio.
sexta-feira, 10 de abril de 2009
SE EU PUDESSE ILUMINAR POR DENTRO AS PALAVRAS DE TODOS OS DIAS (o soneto que só errado ficou certo)
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Se eu pudesse iluminar por dentro as palavras de todos os dias
para te dizer, com a simplicidade do bater do coração,
que afinal ao pé de ti apenas sinto as mãos mais frias
e esta ternura dos olhos que se dão.
Nem asas, nem estrelas, nem flores sem chão
- mas o desejo de ser a noite que me guia
e baixinho ao bafo da tua respiração
contar-te todas as minhas covardias.
Ao pé de ti não me apetece ser herói
mas abrir-te mais o abismo que me dói
nos cardos deste sol de morte viva.
Ser como sou e ver-te como és:
dois bichos de suor com sombra aos pés.
Complicações de luas e saliva
José Gomes Ferreira
Se eu pudesse iluminar por dentro as palavras de todos os dias
para te dizer, com a simplicidade do bater do coração,
que afinal ao pé de ti apenas sinto as mãos mais frias
e esta ternura dos olhos que se dão.
Nem asas, nem estrelas, nem flores sem chão
- mas o desejo de ser a noite que me guia
e baixinho ao bafo da tua respiração
contar-te todas as minhas covardias.
Ao pé de ti não me apetece ser herói
mas abrir-te mais o abismo que me dói
nos cardos deste sol de morte viva.
Ser como sou e ver-te como és:
dois bichos de suor com sombra aos pés.
Complicações de luas e saliva
José Gomes Ferreira
MAL-ESTAR DE UM ANJO

"Ao sair do edifício, o inesperado me tomou. O que antes fora apenas chuva na vidraça, abafado de cortina e aconchego era na rua a tempestade e a noite. Tudo isso se fizera enquanto eu descera pelo elevador? (...) águas grossas de lama até o meio da perna, o pé tateando para encontrar calçadas invisíveis. Até movimento de maré já tinha, onde se juntasse bastante de água começava a atuar a secreta influência da Lua: já havia fluxo e refluxo de maré. E o pior era o temor ancestral gravado na carne: estou sem abrigo, o mundo me expulsou para o próprio mundo, e eu que só caibo numa casa nunca mais terei casa na vida, esse vestido ensopado sou eu, os cabelos escorridos nunca secarão, e sei que não serei dos escolhidos para a Arca, pois já selecionaram o melhor casal da minha espécie."
____________________LISPECTOR, Clarice. Para não esquecer. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
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