segunda-feira, 9 de junho de 2008




Viver uma vida desapaixonada e culta, ao relento das ideias, lendo, sonhando, e pensando em escrever, uma vida suficientemente lenta para estar sempre à beira do tédio, bastante meditada para se nunca encontrar nele. Viver essa vida longe das emoções e dos pensamentos, só no pensamento das emoções e na emoção dos pensamentos. Estagnar ao sol, douradamente, como um lago obscuro rodeado de flores. Ter, na sombra, aquela fidalguia da individualidade que consiste em não insistir para nada com a vida. Ser no volteio dos mundos como uma poeira de flores, que um vento incógnito ergue pelo ar da tarde, e o torpor do anoitecer deixa baixar no lugar de acaso, indistinta entre coisas maiores. Ser isto com um conhecimento seguro, nem alegre nem triste, reconhecido ao sol do seu brilho e às estrelas do seu afastamento. Não ser mais, não ter mais, não querer mais… A música do faminto, a canção do cego, a relíquia do viandante incógnito, as passadas no deserto do camelo vazio sem destino…

Livro do Desassossego - Fernando Pessoa

Desmontagem para Ipatinga - 09 e 10/junho no Teatro do Centro Cultural Usiminas





A gente se diverte...







LINDA ATAKA!


"O Cubo"


domingo, 8 de junho de 2008

Maggie Taylor

" Eu ficarei tão quieta. As rugas desaparecerão do meu rosto. Meus olhos não ficarão mais inflamados. (...) Eu não terei consciência da passagem do tempo... (...) Pequena, pequena, pequena e mais pequena e mais pequena!"

Mulher

Talk to me like the rain and let me listen

Tennessee Williams

sábado, 7 de junho de 2008



" ... todas as lembranças do tempo em que ela estava enamorada dele e que até aquele dia conseguia manter invisíveis nas profundezas de seu ser, iludidas por aquela brusca revelação do tempo de amor que lhes parecia ter voltado, despertaram e subiram em revoada para lhe cantar apaixonadamente, sem piedade para com seu atual infortúnio, os refrões esquecidos da felicidade.
Em vez de expressões abstratas 'tempo em que eu era feliz', 'tempo em que eu era amado' que tantas vezes pronunciara até então e sem muito sofrer, pois sua inteligência só encerrara ali algumas pretensas amostras do passado que dele nada conservavam, ele reencontrou tudo o que havia fixado para sempre a específica e volátil essência daquela felicidade perdida; reviu tudo (...) . Naquele momento satisfazia ele uma curiosidade voluptuosa, conhecendo os prazeres das criaturas que vivem pelo amor. "

No caminho de Swann / Em busca do Tempo Perdido
Marcel Proust
É... Já estamos em nossa 2a semana e ainda é complicado falar da estréia... Engraçado né? No 'dia' eu parecia anestesiada, assim, em suspenso mesmo, como se assistisse a um filme. Controladíssima. Assim que ouvi os aplausos meus coração voltou a bater e bem alegrinho, satisfeito, aquecido.
Essa vida... Como é bom saber que tomamos o caminho mais certo e nem por isso o mais fácil... Aceitar o desafio e começar sempre do zero. Hoje vejo que a sensação que tive ao ler o texto pela primeira vez era verdadeira, a intensidade com que ele me balançou, o nó na garganta, a falta de ar... nossa, muito amor à primeira vista. Sempre acreditei nisso.
Ontem uma amiga disse assim: 'Eu não tive nem forças pra aplaudir'. Isso me deixou extremamente feliz porque é isso, o teatro que eu acredito e que quero fazer é esse, um teatro que me perturba, abala, emociona e assim é dar e receber, a platéia sente que estamos inteiros e que acreditamos no que está na cena e atrás e através dela.
Eu, Paolo, Luiz Arthur e Samira já passamos da fase de 'lua-de-mel'. Sabemos dos desafios que um espetáculo apresenta depois da estréia ( a dor e a delícia... ) e acredito estarmos prontos pra encarar, mesmo. Isso significa que o caminho começa de novo, agora, o tal caminho mais certo.
Hum... Que coisa boa essa de estar com quem a gente gosta e confia ( essa nossa turma de loucos apaixonados descontrolados indomáveis irresistíveis ), seja na hora da risada, na hora do 'deixa disso', na hora do eu te amo, do saco cheio, do ombro amigo, do colo, o tempo todo.
Cy