"...sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor pois se eu me comovia vendo você pois se eu acordava no meio da noite só pra ver você dormindo meu Deus como você me doía de vez em quando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma praça então os meus braços não vão ser suficientes pra abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você sem dizer nada só olhando e pensando meu Deus como você me dói de vez em quando"
Caio Fernando Abreu
domingo, 15 de fevereiro de 2009
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos
e não ver vista que não sejam as janelas ao redor.
E porque não tem vista logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas,
logo se acostuma a acender mais cedo a luz.
E, à medida que se acostuma, se esquece do sol, se esquece do ar,
esquece da amplidão (...)
Marina Colassanti
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
The fury of sunsets
Algo
frio está no ar,
uma aura de gelo
e fleuma.
Todo o dia construí
uma vida e agora
o sol afunda-se para
se desfazer.
O horizonte sangra
e chupa seu polegar.
O pequeno polegar vermelho
desaparece de vista.
E admiro-me
com minha própria vida,
este sonho que vivo.
Eu podia comer o céu
como uma maçã
mas prefiro
perguntar à primeira estrela:
Por que estou aqui?
Por que vivo nesta casa?
Quem é o responsável?
Hein?
Anne Sexton Tradução Priscila Manhães
frio está no ar,
uma aura de gelo
e fleuma.
Todo o dia construí
uma vida e agora
o sol afunda-se para
se desfazer.
O horizonte sangra
e chupa seu polegar.
O pequeno polegar vermelho
desaparece de vista.
E admiro-me
com minha própria vida,
este sonho que vivo.
Eu podia comer o céu
como uma maçã
mas prefiro
perguntar à primeira estrela:
Por que estou aqui?
Por que vivo nesta casa?
Quem é o responsável?
Hein?
Anne Sexton Tradução Priscila Manhães
sábado, 7 de fevereiro de 2009

(...)
Vê só:
Eu não te olho com o teu olho que sabe
que quase tudo em ti é transitório.
Meu olho-liquidez
descobre uma tarde esvaída,
tarde-madrugada
Tempo alongado onde te fizeste em viuvez.
Não perdeste a mulher ou o homem que amavas.
Amamos tanto
E a perda é cotidiana e infinita.
(Ária amaríssima de um instante/Hilda Hilst)
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Luiz Arthur, o 'nosso' Toso quarentão: parabéns pra você, nessa data querida...

When no-one else can understand me
Quando ninguém mais puder me compreender
When everything I do is wrong
Quando tudo que eu faço estiver errado
You give me hope and consolation
Você me dá a esperança e consolo
You give me strength to carry on
Você me dá força para continuar
you're always there to lend a hand
E você sempre lá para me dar uma mão
In everything I do
em tudo que eu faça
That's the wonder The wonder of you
Isso é maravilhoso, você é maravilhosa
And when you smile the world is brigther
E quando você sorri o mundo fica mais brilhante
You touch my hand and I'm a king
Você toca minha mão e eu sou um rei
Your love for me is worth a fortune
Seu beijo pra mim vale uma fortuna
You love for me is everything
Seu amor para mim é tudo
I'II guess I'II never know the reason why
Eu acho que nunca saberei a razão
You love me as you do
por que você me ama desse jeito
That's the wonder The wonder of you
Isso é maravilhoso, você é maravilhosa
(Baker Knight " The wonder of you"/ Elvis Presley)
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009






Samuel Beckett
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
A primeira neve
Desse lado da avenida bate o sol
Passam automóveis, cores, sons
A dor está tão longe desse hotel
Tanta gente na rua
Eu lembro de outros tempos,
outras mãos
Me puxam pela rua a me levar
As tuas me traziam pra esse hotel
Sem testemunhas
Alegria!
Teu sorriso é o que ilumina
A madrugada fria
Tua mão me levava e me trazia
Trazia
Fazia tanto frio, então nevou
Nas ruas, nas vitrines de natal
A gente quase nem acreditou
A gente olhava e ria
Agora na avenida bate o sol
São outras mãos que estão a me levar
As tuas me traziam pra esse hotel
E a gente ria
Alegria
Herbert Vianna
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009



(Clarice Lispector)
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