sábado, 31 de janeiro de 2009

Cântico da Estrada Aberta - Walt Whitman

Catalina Estrada

Um pedacinho do Whitman de presente para a Mulher e o Homem.

Nós - eu, vocês, o público - podemos escolher o final... E sinceramente não sei se os quero ver (ou pensar) juntos ou separados, uma vez que amo tanto todos dois...

Então:

A pé, coração alegre, sigo em direção da estrada aberta,

Sadio, livre, o mundo a minha frente.

O longo caminho marrom a minha frente conduz-me para onde acho que convém.
Daqui para frente, já não peço boa sorte, pois eu mesmo sou a boa sorte,
Daqui para a frente, não mais me queixarei, não mais adiarei, nada mais necessitarei,
Porei fim às lamentações interiores, bibliotecas, críticas lamurientas,
Forte e contente, sigo em direção da estrada aberta.
A terra é suficiente para mim,
Não desejo que as constelações estejam próximas,
Sei que elas estão muito bem onde se situam,
Sei que elas bastam aos que lhes pertencem.
(Até aqui transporto os meus antigos e deliciosos fardos,
transporto-os - homens e mulheres - ,
transporto-os para onde quer que eu vá.
Juro ser para mim impossível libertar-me deles,
Estou deles saturado, e em troca, eu os saturo.)
(...)
Penso que os feitos heróicos foram todos concebidos sob o céu aberto,
e também todos os poemas livres.
Penso que poderia fazer uma parada aqui e operar milagres,
Penso que gostarei de tudo quanto encontrar pela estrada,
Penso que todos quantos eu vir, devem ser felizes.
Desta hora em diante,
ordeno a mim mesmo que me liberte de limites e linhas imaginárias,
E, como meu próprio senhor total e absoluto,
caminharei para onde eu quiser,
Ouvindo os outros, considerando bem o que eles dizem,
Parando, investigando, recebendo, contemplando,
Gentilmente, porém com irrecusável vontade,
Despindo-me dos embaraços que me poderiam entravar.
Sorvo grandes tragos de espaço,
O leste e o oeste são meus, e o norte e o sul também me pertencem.
Sou mais extenso, melhor mesmo do que pensava,
Não sabia que em mim havia tanta bondade.
(...)
Tudo parece belo para mim,
Posso repetir a homens e a mulheres,
pois tanto bem tendes feito a mim que eu gostaria de fazer o mesmo a vós,
Recolherei para mim mesmo e para vós, quando caminhar,
Disseminarei a mim mesmo entre homens e mulheres quando caminhar,
Espalharei uma nova alegria e rudeza entre eles,
E se alguém me negar, não me preocupará isso,
Pois quem quer que me aceite será abençoado e me abençoará.
(...)

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