domingo, 11 de maio de 2008



Do ensaio de hoje, um amigo daqueles com muito respaldo de fala, viu em cena um "catálogo de neuroses". Sim, estão todas ali naquele espaço-lugar onde os dois estão. Até que ponto uma relação pode deformar (e agitar) a alma? Cada um tem seu exemplo, as vezes, muitas vezes, em primeira pessoa. Essa mulher fala outras coisas pra dizer outras coisas ainda. Pensamos nisso.

Pensei numa fala dela, que "insiste tanto em não dizer":

"Do momento em que me resignei, perdi toda a vivacidade e todo o interesse pelas coisas. Você já viu como um touro castrado se transforma num boi? assim fiquei eu..., em que pese a dura comparação. Para me adatar (sic) ao que era inadatável (sic), para vencer minhas repulsas e meus sonhos, tive que cortar meus aguilhões - cortei em mim a força que poderia fazer mal aos outros e a mim. E com isso cortei também a minha força. " da clarice, numa carta...

Aí, penso numa fala que eu gosto neste momento, pra um momento pessoal (a gente vive bravamente longe dessas imersões nestes ambientes de criação), da mesma carta da Clarice:

"respeite a você mesma mais do que aos outros, respeite suas exigências, respeite mesmo o que é ruim em você - respeite sobretudo o você imagina que é ruim em você - pelo amor de Deus, não queira fazer de você uma pessoa perfeita - não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse o único meio de viver.(...)Juro por Deus que se houvesse um céu, uma pessoa que se sacrificou por covardia - será punida e irá para uim inferno qualquer. Se é que uma vida morna não será punida por essa mornidão. Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo aquilo que sua vida exige. Parece uma moral amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma. Espero em Deus que você acredite em mim."

Eu acredito em você, Clarice. Sejamos quentes ou frios. Já se viu chuva morna em algum canto?

Samira

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