sexta-feira, 30 de maio de 2008


http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdEdicao=940&IdCanal=14&IdSubCanal=&IdNoticia=80631&IdTipoNoticia=1



Estréia. Cynthia Paulino assina sua primeira direção


Dois personagens em uma situação-limite


Luiz Arthur e Samira Ávila formam o casal da peça "Fala Comigo como a Chuva", que estréia hoje no Espaço Odeon


SORAYA BELUSI



Do lado de fora, uma chuva forte está prestes a despencar. No interior de um quarto de hotel, dois personagens vivem uma situação-limite, um momento único de suas vidas. É esse o mote de "Fala Comigo como a Chuva", peça curta de Tennessee Williams que chega aos palcos sob a direção de Cynthia Paulino e os atores Luiz Arthur e Samira Ávila nos papéis principais. Segundo o ator, mais que contar uma história, Tennessee apresenta um estado, e, em vez de mostrar quem são os personagens, prefere apresentar como eles estão. "Ele chegou na síntese, na essência. A encenação tem movimentos e partituras físicas dilatadas, mas tudo no limite do que era essencial", garante o ator. A diretora afirma que a sintonia entre os dois atores é determinante para a relação pretendida no espetáculo. "Eles realmente formam um casal em cena. Você acredita na história dos dois, que eles têm um passado, embora no final ficamos com a dúvida se terão algum futuro", adianta.


SERVIÇO: "Fala Comigo como a Chuva", hoje e amanhã, às 21h, e domingo, às 19h, no Odeon Espaço Cultural (rua Tenente Brito Melo, 254, Barro Preto). Ingressos a R$ 20(inteira) e R$ 10(meia-entrada). Informações 3295-4264. Capacidade de 60 pessoas por sessão.


http://www.uai.com.br/uai.htm

Coisas de casal - 30/05/08
Fala comigo como a chuva fica em cartaz até 15 de junho no Espaço Odeon
Ailton Magioli EM Cultura

Luiz Arthur e Samira Ávila interpretam texto de Tennessee WilliamsRaridade no cenário teatral mineiro nos últimos tempos, Tennessee Williams está de volta aos palcos da capital em momento raro. Especialmente traduzida por Maria do Carmo Ávila para a Cia. Teatro Adulto, a peça Fala comigo como a chuva estréia sexta (dia 30) à noite, para convidados, no Odeon Espaço Cultural, onde vai cumprir temporada até 15 de junho. Sob direção da estreante Cynthia Paulino, Samira Ávila e Luiz Arthur interpretam o jovem casal que, por meio de monólogos paralelos, traz à tona arquétipos de pares contemporâneos.“Essas pessoas poderiam ser encontradas em nossas famílias, entre amigos ou na vizinhança”, esclarece Cynthia Paulino, que divide com Paolo Mandatti a assinatura do cenário e dos figurinos. Contemplado com o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2007, o espetáculo começou a ganhar vida quando a diretora, de volta à universidade, teve acesso ao texto por meio de um professor. “Trata-se de um presente dos deuses do teatro”, comemora Luiz Arthur. A montagem celebra o lugar da pausa e do silêncio em uma relação, define.“É o contato com o outro, a essência que sustenta o relacionamento”, acrescenta, empolgado, o ator. Pela primeira vez ele interpreta um texto do dramaturgo norte-americano, autor de fenômenos teatrais como Gata em teto de zinco quente e Um bonde chamado desejo, que acabaram chegando ao cinema. Em montagem anterior, encenada em São Paulo, o original de Williams ganhou o título Fala comigo doce como a chuva. “Como a relação do casal é uma coisa mais ampla, optamos por não colocar o adjetivo, que, aliás, não consta do título original”, esclarece Luiz Arthur. “Assim, fica mais aberto para quem vai ver o espetáculo”.Coincidentemente, Samira Ávila viveu um par com Luiz Arthur em Servidão, da Odeon Companhia Teatral, peça que a dupla levará ao Festival Internacional de Teatro (FIT) de Belo Horizonte. “Mas a relação é bem diferente nas duas peças. Enquanto em Fala comigo como a chuva existe a possibilidade de amor, em Servidão ele é inteiramente servil à personagem, uma garçonete”, compara a atriz. Segundo ela, a convivência com o companheiro de cena tem sido um verdadeiro aprendizado. “O Luiz é um ator generoso, entregue e extremamente talentoso”, conclui.
FALA COMIGO COMO A CHUVA - Odeon Espaço Cultural, Rua Tenente Brito Melo, 254, Barro Preto, (31) 3295-4264. Sexta (dia 30) (para convidados) e sábado (dia 31) (aberto ao público), 21h; domingo, 19h. R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Até 15 de junho.


quinta-feira, 29 de maio de 2008

ENSAIO GERAL - Um conto de fadas para gente grande...












A turma: luiz, Samira, Cynthia, Paolo, Telma, Edmar e Lira - ENSAIO GERAL







O nosso lugar (carta em resposta)

Nossa senhora, essa me balançou... Porque eu entendo muito agora essa coisa quente de 'encontrar o meu lugar' na arte, o lugar onde eu quero estar. E encontrei com vocês. Acredito mais que nunca que essa angústia que sempre nos acompanhada é necessária até certo ponto, porque podemos também encontrar um ponto onde as coisas são mais tranquilas sem deixar de ser intensas e verdadeiras, acho que o nome é 'querer fazer e junto'. Sem sofrimento. Querer e acreditar. E cuidar também, um do outro. Eu acredito que estou aprendendo a dirigir do meu jeito: gosto de 'tomar conta', gosto de cuidar de cada detalhe, eu gosto de cuidar de cada frase, de cada gesto, eu gosto muito e com vocês descobri que eu posso fazer isso e que é muito como quando criança começa a andar, incentivando é que ela dá um passinho depois do outro, deixando livre e ficando sempre por perto é que ela toma confiança e corre.
Com o 'Fala' eu recomecei e isso é bonito demais, eu me apaixonei de novo, eu passei a acreditar de novo e esse nosso encontro hoje é pra sempre, esse momento agora é nosso pra vida inteira, nós experimentamos e provamos que um trabalho em grupo é possível e que ele precisa sim de momentos de tensão e choque e chateação mas que ele também é mais. É prazer, é sentir que desse jeito vale a pena dormir pouco, ferver a cabeça, chorar muito, arriscar mais, amar demais, ser passional, ser perfeccionista, ser a gente no mais fundo. Eu gosto demais disso: co-ra-gem. Engolir seco e enfrentar o medo, vencer o medo, aceitar a alegria. Eu aceitei.
Então Salsa, em você eu encontro essa força e loucura que toda mulher deve ter, esse cuidado, dedicação e empenho que toda atriz deve ter, essa fogueira que todo artista de verdade tem. Minha amiga, minha Salsa.
Luiz Arthur, você é o meu Marlon Brando: absurdo, inquieto, irressistível. O cara. O 'amor da minha vida'.
E Paolo... Palolo, você é meu companheiro na brincadeira e brincando a gente faz acontecer tudo. Com você me sinto assim, aprendendo o tempo todo, um prazer em discutir tanto o traço suave das linhas japonesas, as texturas dos tecidos, as músicas que bambeiam nossa perna quanto o meu ou seu desejo mais profundo. Você, amore, é meu irmão.
Bom demais estrear e saber que estamos só começando.
Cy

Para Cy, Luiz Arthur e Paolo

Para Cynthia, Luiz Arthur e Paolo.

A dois dias da estréia, do encontro marcado. Cada processo tem um gosto e a gente sente ele forte na boca dois dias antes da estréia. Alguns são parecidos, outros diferentes. Mas, esse gosto do “Fala” é um que nunca tinha sentido. Pela primeira vez, sinto calma. Me sinto, de antemão, realizada. Que me falta agora até nome...’Muita coisa importante falta nome...’. Acho que passei a vida inteira procurando uma(s) verdade(s) pela qual possa viver e morrer. Daí as escolhas, daí o porque dessa angústia que sempre bateu no meu osso esterno. As escolhas. Mas daí que eu percebi, acho que foi neste processo, que essa era Angústia companheira, que me move, que me faz me buscar, que me permite ser livre. Ai, a condição humana! Acho que me busquei muito em “Fala”, mergulhando profundo, como pedia essa Mulher e esse universo cheio de coisas que falta nome. Em alguns momentos não foi fácil, essa busca serviu pra tirar tanto chãozinho que parecia firme, uma mistura de medo, espanto, terror, exaltação, náusea e sublimidade (um desespero sublime, coisas que a arte faz). Não esperava sair ilesa (em teatro?), mas também não esperava tanta agitação interna. E, acho que foi semana passada, num dia de ensaio que eu vi nosso trabalho. Eu vi a chuva caindo, eu olhei nos olhos de todos ao meu redor sem que eles tomassem conta, eu tive um flashe de 2 minutos de todo o processo e eu achei uma VERDADE PELA QUAL POSSO VIVER E MORRER. Esta calma que vem desta sensação de coerência com a “verdade”. Essa realização vem da coerência do nosso processo, da sinceridade, da autenticidade e legitimidade do que ele foi. Acho que éramos quatro almas angustiadas, ao início. Buscando algo pra acreditar. Cada um no seu processo, na sua alma particular de questões, mas buscando, buscando, buscando. E, Cy, Toso e Paolo: está tudo aí. Cy, você achou sua Voz, que é verdadeira e sensível, harmoniosa e forte, bonita e Única como você. Toso, você achou um Homem que poucos homens sabem ser, e também por isso sempre quis sim trabalhar com você! Paolito, você, pra mim, achou seu lugar! Criando e participando ativamente, passionalmente e sempre generosamente. E, obrigada. Obrigada pelo amor, carinho, atenção. Eu hoje admiro ainda mais cada um de vocês, que conheço a tanto tempo... E, temos muito pela frente, muito, mas hoje, a dois dias da estréia, eu sinto muita serenidade para sentar naquela cadeira durante as três brancas de neve. E, olha que esta temporada é só o início de muita coisa melhor ainda. Mas, esse gosto doce na boca hoje é o que importa. Gosto raro. E isso não tem preço.

Salsa

quarta-feira, 28 de maio de 2008

A falta que você me faz ( carta dele para ela? )

" Arrancou a última página do caderno, mordeu o lápis, olhou para o teto e decidiu que precisava realmente escrever ou sua cabeça com certeza iria explodir. Ele era assim mesmo, certas vezes ficava inquieto de um jeito que parecia doido varrido, coçava a cabeça, cantarolava músicas que nem conhecia, era cheio de cenas. Apertou bem os olhos, olhou para o vaso de violetas que precisava molhar logo que terminasse o que agora estava começando a fazer e escreveu:
- Eu não estou sabendo aceitar a falta que não estou fazendo para você, é isso. Muitas vezes penso que eu poderia ser um prediozinho indefeso, daqueles japoneses, um prediozinho de poucos andares indefeso diante das patas de Godizilla, é isso que eu sou... Nadica de nada. Sei que hoje você está cheia de novos horários e compromissos e novos amigos e uma vida meio que novinha em folha e acho legal e fico orgulhoso mesmo mas ao mesmo tempo fico puto porque parece que nessa sua vida nova tão interessante não há lugar pra mim. Não faço falta, se sumisse hoje você só perceberia quando, sei lá, talvez demorasse muito. Penso nas nossas horas, penso muito em você e queria mesmo que você estivesse pensando em mim agora que escrevo e só consigo ver que por mais que eu queira nunca consigo não estar pensando na falta que sinto do seu riso, das suas piadas mesmo muito bobas e da forma como fala dos outros sem pensar ou chora por qualquer bobagem e tudo isso que sei de você . Fico torcendo pra te querer menos e daí penso que seria mais uma derrota que uma vitória minha, que perder você no meio desta vida seria uma estupidez. Eu, na verdade, queria ser um único na sua vida, assim como existem os amigos, eu queria que existissem os 'únicos' e eu fosse o seu... É isso. Vontade de ouvir músicas que te tragam pra perto de mim, hoje estou nos meus 'aqueles dias tristes'.
Pronto, estava escrita a carta. Dobrou com cuidado, colocou no envelope e guardou no meio de tantas outras que havia escrito nos últimos dias... Ela estava tão ocupada, não teria tempo para ler. Fechou a gaveta, já se sentia até mais aliviado e resolveu que deveria sair e tentar conhecer gente nova, torcendo pra que no meio dessa gente ninguém se parecesse com ela, nem de longe, porque isso poderia doer. Porra de amizade.
Pegou as chaves, fechou a porta e saiu."

domingo, 25 de maio de 2008

"Tens de olhar para dentro antes de olhar para fora.
O que projetas depende de ti.
Vês aquilo que buscas, pois o que buscas, tu acharás."
Um Curso em Milagres

sexta-feira, 23 de maio de 2008

FEMME DE RÊVE
Paroles et musique: Claude Dubois

Femme de rêve
Femme d'espoir heureux
Comment puis-je faire
Pour être plus près de vous
En restant libre

Va voir au bout des rues
Va dans la ville
Viens voir de près
Ces femmes multicolores
Comme les fleurs ne sont que quelques-unes
Solitaires dans la foule comme en forêt

Femme de rêve
Femme d'espoir heureux
Comment puis-je faire
Pour être plus près de vous
En restant libre

Va voir au bout des rues
Regarde dans ta vie
Va voir de près
Ces femmes multicolores
Comme les fleurs ne sont que quelques-unes
Solitaires dans la foule comme en forêt

Femme de rêve
Femme d'espoir heureux
Comment puis-je faire
Pour être plus près de vous
En restant libre
Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.
Clarice Lispector

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Para Samira e Luiz Arthur

" e assim estavam os dois ali, lado a lado, quase de mãos dadas.
Digo quase porque lhes faltava ainda um vento forte de coragem, daquele que despenteia todo o cabelo que acabamos de arrumar diante do espelho...
Quase se falavam também, sim, isso mesmo, quase, porque diziam algumas poucas palavras e já se entendiam tanto que por momentos ficavam mesmo só se conhecendo em silêncio, aquele "eu também, olha só, que coincidência" nem era mais importante, tudo tão simples e certo.
Ela olhava pra ele e ele sentia que ali era o seu lugar e quando ele olhava para ela então ali estava sua casa e nada no mundo poderia fazer com que aquela certeza não governasse o seu coração , estavam os dois quase de mãos dadas e era como se estivessem mesmo abraçados, às vezes o braço de um roçando no do outro, essas coisas, essas coisas.
Fiquei muito tempo observando os dois, quieta, como se assistisse a um filme.
Estavam tão um no outro que não notavam ninguém mais, a tarde ali era deles.
Fiquei então pensando em como seria bom se pudéssemos fazer com que o vento, aquele que despenteia o cabelo, soprasse assim tão forte que então ele tivesse coragem e a segurasse pela mão para que ela não voasse pra longe e daí para um beijo seria coisa de segundos e a música subiria até muito muito muito alto e todos perderíamos a vergonha de chorar porque a tarde e o beijo e os dois tudo seria tão lindo e perfeito e que a partir dali só mesmo "felizes para sempre"... Não, eles não eram jovens e nem bonitos, e talvez por isso mesmo tão perfeitos e ... o amor assim, lindo. "

Esse foi nosso companheiro, nosso amiguinho, a semana toda. Chegou com Telma (nossa iluminadora)e Edimar (nosso coordenador técnico) para a montagem da luz (uma coisa de tirar o ar essa luz da Telminha, blue blue blue) e foi ficando, um dia no cenário, outro dia nos bancos, outro no som, ... Grilos ... Além deste os nossos também.
...
'Nossos'. Nossa turma.
...

Os ensaios vão indo bem, me emociono sempre e cada dia mais vendo o que fizemos juntos, criamos juntos, acreditando mesmo. Li o texto em 2004 e me apaixonei, ver que saiu do papel ... Que delícia, bem melhor do que brincar de casinha.
...
Uma semana antes da estréia. Samira e Luiz Arthur estão muito bem, um casal tão lindo e tão triste em cena... Tão bacana essa falta de sossego do ator, 'esse desassossego'(que palavra mais linda), cada dia uma coisinha nova, somando, inventando.
Samira fez um carinho no rosto dele, ele fez outro nos pés dela. Assim não tem como não se apaixonar por eles, vontade de colocar no colo.
Um dia sem ensaio e morro de saudade, a Mulher e o Homem agora são da família.
...

Mônica (nossa preparadora corporal) não veio essa semana, estava estudando para provas do Doutorado. Saudade dela. Moniquita.
...
Dei pra chorar ouvindo a trilha. Bom isso, nossa, desafogar a ansiedade.
...
Eu e Paolo naquela de lamber a cria mesmo, a programação gráfica ficando pronta (teaser, flyer, programa, cartaz, convites), o figurino.

...
Ai, finalizar detalhes e muitos detalhes com Felício (nosso cenotécnico). Vai dar tudo certo, vai dar tudo certo, vai dar tudo certo.
...
Lira (nossa sonoplasta) chegando pra animar a festa e Paula-Paulinha(nossa assessora) divulgando pra Deus e todo mundo, mocinha muito caprichosa e dedicada essa. Amém.
...
Velas, orações, incenso, mantras, pensamento positivo.
Salve Jorge! Salve Miguel! Salve nosso padrinho Uriel!
Protege a gente minha Mãe Maria.

...
Cy

A Sombrinha
Música e Letra: Georges Brassens
Tradução: Maria do Carmo Ávila
A chuva caia forte na estrada
Ela caminhava sem sombrinha
Tinha uma, foi roubada, provavelmente
Esta manhã, como amigo
Corri logo para salvá-la
Eu lhe ofereci um abrigo
E sequei a água de sua bela face
Exposta ao suave ar e ela me disse "sim".
Um pequeno canto da sombrinha
Um canto do paraíso
Ela tinha algo de anjo
Um pequeno pedaço do paraíso
Em um canto da sombrinha
Começamos a cantar!
Ao longo do caminho,
era suave ouvir a dois os lindos cantos
Que a água do céu fazia entender
Em cima da minha sombrinha!
Gostaria, como no dilúvio
Que a chuva não parasse de cair
Para mantê-la sob o meu refúgio
Quarenta dias, quarenta noites.

Mas estupidamente, mesmo na tempestade
As estradas levam para outros lugares frequentemente fazem uma barragem
No horizonte da minha loucura!
Ela me pegou, ela se foi depois de me dizer obrigado
E eu a vi pequenina
Partir alegremente no meu esquecimento.

domingo, 18 de maio de 2008

"Amanhã fico triste.
Amanhã.
Hoje não.
Hoje fico alegre.
E todos os dias,
por mais amargos que sejam,
eu sempre digo:
amanhã fico triste.
Hoje não."

Anônimo.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Ela está sozinha. Sempre tão sozinha. Lá fora um céu carregado.
Ele chega e é como se nem chegasse, dorme.
Ela faz planos.
Estão vivendo tudo isso há tanto tempo, tanto tempo. E ela faz planos.
"Que horas são?"
Nada muda.
"Quando acordei estava dentro de uma banheira cheia de gelo."
E ela ali, tão sozinha.
"Você pode falar comigo?"
Falar o que meu Deus? "Eu quero ir embora." Uma vida nova, longe dali, janelas e chuva, roupa lavada, "eu nunca serei muito forte nem terei muita energia." Músicas, chuva, "eu ficarei tão quieta..." Um pequeno hotel, o porteiro, nenhum jornal nem rádio, o espelho. As pessoas das estórias. Os diários dos escritores mortos. "Oh captain, my captain" Ele ouve.
Chuva, chuva, chuva. Meio século. "Nem sequer me lembrarei da sensação de ser alguém esperando por alguém que talvez não venha..."
A oração dele, o vento forte nos cabelos dela,
"Ficarei pequena, pequena, bem pequena..."
...



Une histoire d'amour
Où chaque jour devient pour nous le dernier jour
Où on peut dire "à demain" à son amour
Et qu'on est là tout près de lui à regarder
Mourir sa vie
Une histoire d'amour
Où pour nous deux le mot toujours semblait trop court
Tu vois pourtant nous n'avons plus beaucoup le temps
Non mon amour tu ne dois pas,
il ne faut pas
Pleurer sur moiNe me dis pas adieu
Je vais fermer les yeuxViens près de moi
Et prends-moi dans tes brasRestons ensembleSerre-moi fort
Tu vois il me semble que m'a vie s'endort
Dis-moi "je t'aime"
Une histoire d'amour
C'est la chanson de l'océan les nuits d'été
Un souvenir qui va durer l'éternité
Pour moi ce soir ma vie s'en va mais notre amour
Ne finit pas
Une histoire d'amour
Ça ne peut pas vraiment mourir en un seul jour
Ne reste pas le cœur en deuil à vivre seul
Il te faudra voir d'autres ciels, d'autres soleils
Ne pleure pas.
Carl Sigman/Catherine Desage

Ele chegou de mãos vazias... Essas flores são pra ela.

Robert Mapplethorpe

quarta-feira, 14 de maio de 2008

"Quantas vezes não ví, e não desejei imitar, quando tivesse a liberdade de viver a meu gosto, a um remador que, largando o remo, se deitava de costas, com os pés mais alto que a cabeça, ao fundo do barco, e, deixando-o flutuar à mercê das águas, não podendo ver senão o céu que deslizava lentamente acima dele, trazia na face o antegozo da felicidade e da paz."
em busca do tempo perdido . vol 1. Marcel Proust
Rolfe Horn
FALA COMIGO COMO A CHUVA.
É isso.

domingo, 11 de maio de 2008

Diário de ensaios - Abril 2008

Anotações
- 'Eu vejo só o passado'
- 1/2/3 Branca de Neve
- Economia nos gestos, cuidado com movimentos gratuitos!
- Precisamos das garrafas? Precisamos das revistas? Muleta? Encontrar a razão dos objetos
- Como ele chega? - beijo - Como ela reage? ( água )
- Corpo dele x corpo dela
- Ele: Pit bull, energia, ritmo no texto, timbre / Ela: Olhar triste, falar o tempo todo gesticulando gasta a idéia inicial,
buscar a intenção
- Susto
- Qual a angústia?
- Espreguiçar mais, sentir mais: onde dói?
- Olhar um para o outro 'Pensamentos passados'
- Relação com a tesoura 'Eu sou vítima?'
- Rasgar folhas, cortar
- Ouvir a estória dele, reagir - interesse? ciúme?
- Diferenciar monólogos
- Ele precisa 'aprender' a rir
- Bom 'tirar e colocar roupas' - encontrar a razão para cada troca, desconforto
- o papel - criar diálogo com ele
- Gole d'água - sede ou ... 'Eu não vejo nada como é agora'
- Congelar o tempo
- 'O que você tem pra me contar?'
- Por que 'esse' livro? Selecionar personagens
- Ela quer falar. Quer? Descontrole no 'palanque' - ritmo lento que vai crescendo até descontrole. Ele observa ' a lua' e sente o que?/Ela e gestos que podem machucar 'Minhas palavras não significam coisa alguma'
- Marido & Mulher
- Abraço precisa de silêncio antes
- Preliminares. Qual o olhar no sexo? Pernas confusas, sujar mais. O que ela pensa? E ele? Giro, ritmo, respiração, sons, cansaço, sofreguidão 'Um mundo sem significado'
- 'Oh' e 'Oh'
- Ele escuta e presta atenção na estória dela, bom conversar
- Cuidado! Texto-psicológico
- Por que ela repete as frases? Animação, dúvida, tristeza, euforia, desânimo. Lapsos de memória? Ela engasgada, asfixia
- Arrumar a 'casa' enquanto fala.
- Cuidado! Intenção x exercícios
- Memória dos movimentos / Monólogo interno
- Encontrar lógica na estória que ela conta? Precisa? 'Eu vejo um mundo amedontrador'
- Fred & Ginger : mórbido x tempo feliz
- Ensaiar mais os passos
- Ritmo do Coração - calmo x acelerado 'Pode dar certo?'
- 'a amizade dos poetas mortos' - decorar os poemas 'oh!' . Ele de costas? Descansar a cabeça nas costas dele
- 'chuva, chuva, chuva' - qual a razão de dizer isso assim?
- O espelho
- vem pra cama, vem pra cama, vem pra cama ... ''Eu estou sozinha'
- Como dizer 'eu quero ir embora'? Ela quer? Ela grita? Ela sussurra? 'Eu quero ver as coisas de um modo diferente'
- 'Então compreenderei' - será? 'Eu posso escapar?'
- Gato e rato, briga ou luta ou surto 'Pensamentos de ataque'
- Cuidado! 'Texto-metralhadora' ! Pensar na densidade 'Compreenderei...'
- Summertime + roupa e roupa e roupa ... Ela vai? 'Eu não sei'



"... cessando a influência anestésica do hábito, punha-me então a pensar e a sentir: coisas tão tristes."
Proust

"... o que vês em sonhos pensas que é real enquanto estás dormindo. No entanto, no instante em que acordas, reconheces que tudo o que parecia acontecer no sonho, absolutamente não aconteceu. Não achas isso estranho, muito embora todas as leis daquilo para o qual despertas tenham sido violadas enquanto dormias. Não é possível que simplesmente tenhas te deslocado de um sonho para outro,
sem ter realmente acordado? "
Um Curso em Milagres


Do ensaio de hoje, um amigo daqueles com muito respaldo de fala, viu em cena um "catálogo de neuroses". Sim, estão todas ali naquele espaço-lugar onde os dois estão. Até que ponto uma relação pode deformar (e agitar) a alma? Cada um tem seu exemplo, as vezes, muitas vezes, em primeira pessoa. Essa mulher fala outras coisas pra dizer outras coisas ainda. Pensamos nisso.

Pensei numa fala dela, que "insiste tanto em não dizer":

"Do momento em que me resignei, perdi toda a vivacidade e todo o interesse pelas coisas. Você já viu como um touro castrado se transforma num boi? assim fiquei eu..., em que pese a dura comparação. Para me adatar (sic) ao que era inadatável (sic), para vencer minhas repulsas e meus sonhos, tive que cortar meus aguilhões - cortei em mim a força que poderia fazer mal aos outros e a mim. E com isso cortei também a minha força. " da clarice, numa carta...

Aí, penso numa fala que eu gosto neste momento, pra um momento pessoal (a gente vive bravamente longe dessas imersões nestes ambientes de criação), da mesma carta da Clarice:

"respeite a você mesma mais do que aos outros, respeite suas exigências, respeite mesmo o que é ruim em você - respeite sobretudo o você imagina que é ruim em você - pelo amor de Deus, não queira fazer de você uma pessoa perfeita - não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse o único meio de viver.(...)Juro por Deus que se houvesse um céu, uma pessoa que se sacrificou por covardia - será punida e irá para uim inferno qualquer. Se é que uma vida morna não será punida por essa mornidão. Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo aquilo que sua vida exige. Parece uma moral amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma. Espero em Deus que você acredite em mim."

Eu acredito em você, Clarice. Sejamos quentes ou frios. Já se viu chuva morna em algum canto?

Samira

Amanhã será um novo dia e quem sabe já teremos coisas que vem de dentro.


"Em qual parte do nosso corpo deve estar a resposta. Qual resposta, quando o que se interroga não vem de dentro. É soprado de fora, pelos ares, como se perguntasse para ninguém. E então por quê? Quase simples. Fecha o corpo e fala o que quer. Não fala o que sente. Não pensa. Performatiza o ato e deixa o fluxo. Fala como fluxo, sincero por correr de você, os dizeres que já não prende. " Éder Rodrigues, poeta, ator, amigo e talentoso em todas essas versões.
Ah, foto de João Marcos Rosa, fotógrafo e amigo, talentoso em todas essas versões....
Postado por Samira, de madrugada...

quarta-feira, 7 de maio de 2008



O cenário chegou hoje - e pensar que estava no papel, chocolate e coca-cola, muito papo depois e 'então é isso'. O figurino está quase pronto, tecidos, paper doll. Amanhã fotos. Ensaios, mais ensaios. A luz. A nossa caixa. As nossas músicas. O Homem e a Mulher estão lindos, são tão corajosos. Muito cuidado nessa hora, algumas vezes precisamos pisar em água, nuvens e ovos...

Sinto um orgulho maternal.

Vai nascer, daqui a pouco, vai nascer!

Diretora em 'estado interessante'

  • Pensar no final de um amor, de uma amizade, de um sonho...
    Isso deixa qualquer um triste... Ler 'Fala comigo' deixa qualquer um triste...
Tennessee Williams e seus estranhos.

Mas aí pensar em Pollyana (lembra?) deixa a gente mais alegre:
a certeza de que tudo vai dar certo no final.
Uma nova chance, um novo amor, uma vida nova.

Nós nos sentimos recomeçando.
Do zero. Muito bom isso.
Co-ra-gem. Pra colocar um ponto final e pra acreditar que agora vai ser diferente.
Não ‘voltar para a cama’ e sim sair pela porta e ir para onde ‘a ansiedade desaparecerá’.

Nós não queremos só falar, queremos muito mesmo é fazer.
É isso sim que a gente quer e espera da vida, é isso que a gente busca na arte.

Cynthia Paulino e Paolo Mandatti

É isso : Cynthia, Paolo, Luiz Arthur, Samira





terça-feira, 6 de maio de 2008




EU SOU DEUS PRESENTE EM TUDO QUE FAÇO
E POR ISSO O FAÇO.


EU SOU A PRESENÇA QUE ATRAI O POSITIVO
E REPELE O NEGATIVO.





segunda-feira, 5 de maio de 2008

Vem aí . . .

Diário de ensaios Abril e Maio . Vem aí .
Muito bom para colocar a cabeça e as idéias no lugar .
E enquanto isso, Walt Whitman:
O Captain! My Captain!

1O CAPTAIN! my Captain! our fearful trip is done;

The ship has weather’d every rack, the prize we sought is won;

The port is near, the bells I hear, the people all exulting,

While follow eyes the steady keel, the vessel grim and daring:

But O heart! heart! heart!
5
O the bleeding drops of red,

Where on the deck my Captain lies,

Fallen cold and dead.


2O Captain! my Captain! rise up and hear the bells;

Rise up—for you the flag is flung—for you the bugle trills;
10
For you bouquets and ribbon’d wreaths—for you the shores a-crowding;

For you they call, the swaying mass, their eager faces turning;

Here Captain! dear father!

This arm beneath your head;

It is some dream that on the deck,
15
You’ve fallen cold and dead.


3My Captain does not answer, his lips are pale and still;

My father does not feel my arm, he has no pulse nor will;

The ship is anchor’d safe and sound, its voyage closed and done;

From fearful trip, the victor ship, comes in with object won;
20
Exult, O shores, and ring, O bells!

But I, with mournful tread,

Walk the deck my Captain lies,

Fallen cold and dead.
(tradução)
Oh capitão! Meu capitão!
nossa viagem medonha terminou;
O barco venceu todas as tormentas,o prêmio que perseguimos foi ganho;
O porto está próximo, ouço os sinos, o povo todo exulta,
Enquanto seguem com o olhar a quilha firme,
o barco raivoso e audaz:Mas oh coração! coração! coração!
Oh gotas sangrentas de vermelho,
No tombadilho onde jaz meu capitão,Caído, frio, morto.
Oh capitão! Meu capitão!
erga-se e ouça os sinos;
Levante-se - por você a bandeira dança - por você tocam os clarins;
Por você buquês e fitas em grinaldas - por você a multidão na praia;
Por você eles clamam, a reverente multidão de faces ansiosas:
Aqui capitão! pai querido!
Este braço sob sua cabeça;
É algum sonho que no tombadilho
Você esteja caído, frio e morto.
Meu capitão não responde, seus lábios estão pálidos e silenciosos
Meu pai não sente meu braço, ele não tem pulsação ou vontade;
O barco está ancorado com segurança e inteiro, sua viagem finda, acabada;
De uma horrível travessia o vitorioso barco retorna com o almejado prêmio:
Exulta, oh praia, e toquem, oh sinos!
Mas eu com passos desolados,
Ando pelo tombadilho onde jaz meu capitão,caído, frio, morto.

From: samira To: cy

"O fato é que, tendo uma vez se encontrado na parte secreta deles mesmos, resultara na tentação e na esperança de um dia chegar ao máximo.
Que máximo?
Que é, afinal, que eles queriam?
Eles não sabiam, e usavam-se como quem se agarra em rochas menores até poder sozinho galgar a maior, a difícil e a impossível; usavam-se para se exercitarem na iniciação; usavam-se impacientes, ensaiando um com o outro o modo de bater asas para que enfim — cada um sozinho e liberto pudesse dar o grande vôo solitário que também significaria o adeus um do outro. Era isso? Eles se precisavam temporariamente, irritados pelo outro ser desastrado, um culpando o outro de não ter experiência. Falhavam em cada encontro, como se numa cama se desiludissem.
O que é, afinal, que queriam? Queriam aprender. Aprender oquê? eram uns desastrados.
Oh, eles não poderiam dizer que eram infelizes sem ter vergonha, porque sabiam que havia os que passam fome; eles comiam com fome e vergonha. Infelizes? Como? se na verdade tocavam, sem nenhum motivo, num tal ponto extremo de felicidade como se o mundo fosse sacudido e dessa árvore imensa caíssem mil frutos.
Infelizes?
se eram corpos com sangue como uma flor ao sol. Como? se estavam para sempre sobre as próprias pernas fracas, conturbados, livres, milagrosamente de pé, as pernas dela depiladas, as dele indecisas mas aterminarem em sapatos número 44.
Como poderiam jamais ser infelizes seres assim?
Eles eram muito infelizes. Procuravam-se cansados, expectantes,forçando, uma continuação da compreensão inicial e casual que nunca se repetira — e sem nem ao menos se amarem. O ideal os sufocava, o tempo passava inútil, a urgência os chamava — eles não sabiam para o que caminhavam, e o caminho os chamava. Um pedia muito do outro, mas é que ambos tinham a mesma carência, e jamais procurariam um par mais velho que lhes ensinasse, porque não eram doidos de se entregarem sem mais nem menos ao mundo feito. (...)
O tempo ia passando, nenhuma idéia se trocava, e nunca, nunca eles secompreendiam com perfeição como na primeira vez em que ela dissera que sentia angústia e, por milagre, também ele dissera que sentia, e formara-se o pacto horrível. E nunca, nunca acontecia alguma coisa que enfim arrematasse a cegueira com que estendiam as mãos e que os tornasse prontos para o destino que impaciente os esperava, e os fizesse enfim dizer para sempre adeus. Talvez estivessem tão prontos para se soltarem um do outro como uma gota de água quase a cair, e apenas esperassem algo que simbolizassea plenitude da angústia para poderem se separar."
Clarice.

Diário de ensaios - Março 2008

A Mulher sozinha OK. Água OK. Papel OK. Levanta, senta, fala OK.
Ele OK . Rasgando papel, picando papel OK.
Ladainha sem graça. Gestos, tristeza, distância entre os dois, personagens e atores.
Silêncio. O livro dela. A estória, repetir é bom, gaguejar é bom.
Buscar cumplicidade.
Eu não terei a menor idéia... Arruma a bagunça.
Não desgruda os olhos dela! Acabou? Tudo volta...

Garrafas e mais garrafas OK. A cadeira OK. As revistas e a tesoura OK.

Definir data de estréia. Maio? Maio e Junho OK.

Variar mais, intensidade, descontrole.
Gestos ainda no meio do caminho.
Começa música, 1/2/3.
Achar um pouco de graça dele.
Vai e vem do ... Silêncio.
Não deita para ouvir, fica sentado!
Que sofrimento é esse???
Ela lendo alto, muito alto, mais que a música. Abraça com vontade, com saudade. EU QUERO IR EMBORA.
Cara de nada.
Dança, dança, dança.
Ela na parede, ele rezando.

Disco arranhado, música x 3 OK, mulher sem braços, ela assusta.
Flexões OK, murro no peito OK.
Me dá um gole d'água?
Bebidas que nem tinham sido abertas...
Barulho de ocupado, tum, tum, tum.
Bruce Lee. Pit Bull OK.

Tempo Perfeito, movimentação OK.
Boa entrada dele, boa a troca de olhares: começou.
Mão na boca, rosto mais expressivo (exagera!).
Lá onde? Cansaço dele. Irritação dela.
Faz tanto tempo que não... Fuga. Congela.
Escolher frases preferidas do livro.
Tira essa mão da cabeça!!!
Ela fala.
É a primeira vez que ele ouve tudo isso?
É a primeira vez que ela fala tudo isso?

domingo, 4 de maio de 2008


Ela sozinha. Ele chega. Ele dorme. Ela sozinha.
Le Parapluie
Et Musique : Georges Brassens

Il pleuvait fort sur la grand-route
Ell' cheminait sans parapluie
J'en avais un, volé, sans doute
Le matin même à un ami
Courant alors à sa rescousse
Je lui propose un peu d'abri
En séchant l'eau de sa frimousse
D'un air très doux, ell' m'a dit " oui ".

Un p'tit coin d'parapluie
Contre un coin d'paradis
Elle avait quelque chos' d'un ange
Un p'tit coin d'paradis
Contre un coin d'parapluie
Je n'perdais pas au chang', pardi !

Chemin faisant, que ce fut tendre
D'ouïr à deux le chant joli
Que l'eau du ciel faisait entendre
Sur le toit de mon parapluie !
J'aurais voulu, comme au déluge
Voir sans arrêt tomber la pluie
Pour la garder, sous mon refuge
Quarante jours, quarante nuits.

Mais bêtement, même en orage
Les routes vont vers des pays
Bientôt le sien fit un barrage
À l'horizon de ma folie !
Il a fallu qu'elle me quitte
Après m'avoir dit grand merci
Et je l'ai vu', toute petite
Partir gaiement vers mon oubli

Ensaio - Fala comigo doce como a chuva






sábado, 3 de maio de 2008

É...

É... ficamos um tempo sem postar, acho mesmo que muito porque as idéias ainda estão embaralhadas na cabeça, o tempo voa e estamos todos atarefados demais...

Isso de direção... Meus Deus, hoje eu sou reticências!

Me sinto algumas vezes mãe de filhos crescidos e cheios de opiniões e vontades e decisões. Um saco! Mas ao mesmo tempo um descanso.

Quero, antes de tudo, deixar o HOMEM e a MULHER respirarem, ator sofre cobrança demais o tempo todo, corpo - voz - entendimento - verdade ...

Me sinto muitas vezes sozinha. A maior parte das vezes. Triste. A chuva 'chovendo' dentro do meu peito. Só Paolo me conforta. E me entende, eu acho.

Insegurança. Sensação de que os atores duvidam da minha condução, de que não precisam dela...
Mãe, né? Os atores são por vezes arrogantes, generosos, petulantes, carinhosos, imprevisíveis, lindos, surpreendentes.
Os meus atores são, além de tudo, maravilhosos. Cheios de medo e coragem.

Sempre confiei nos meus diretores e quando a confiança se perdeu ... Quero ser isso, quero ser conforto. Mas também sei que preciso ser enfrentamento. E desconforto. O ator precisa disso:
...

Sou ciumenta com minhas crias, sempre foi assim, ai de quem pegasse no colo minhas bonecas...

O cenário atuando, o figurino atuando, a música, o texto, Ann e Joshua

A ANSIEDADE DESAPARECERÁ ... Hoje eu só quero isso ...

Cynthia





Chanson Blanche Neige Un jour mon prince viendra

Blanche-Neige] Il est si merveilleux, Comment résister ... Un jour, mon Prince viendra, Un jour, on s'aimera, Dans son château, heureux, s'en allant Goûter le bonheur qui nous attend ! [Grincheux]- Mouais ... Grotesque ! [Blanche-Neige] Quand le printemps, un jour, Ranimera l'amour, Les oiseaux chanteront, Les cloches sonneront, L'union de nos coeurs, Un jour ...

Neve branca!
É tão maravilhoso Como resistir ...
Um dia, meu príncipe virá,
Um dia, nós nos amaremos,
Em seu castelo, feliz caminhando
Saborear a felicidade que nos espera!
[Sorrico largo] -- Mouais ... Grotesco!
[Neve branca] Na primavera, um dia,
O amor reanimará,
Os pássaros cantarão,
Os relógios dos sinos tocarão,
A união de nossos corações,
Um dia ...

A arte de perder não é nenhum mistério

Exato momento exatinho de perder-se.
Descontruir. Ai, eu que sou tão apegada a uma revista velha que fosse!
Ann e Joshua, no limite,s. Hoje Mônica disse uma coisa muito boa: que a gente só estranha o que a gente reconhece. Bom de apostar. Estou sim buscando um absurdo plausível, esse todo meu sonho. Um absurdo esse todo que respira com o mundo, o espaço. Sim, tem que reaproximar. Pra estranhar.
Estava apostando demais no autismo de "Ann". Deixarei vestígios.
Fico fazendo reflexões paralelas ao post e à peça. Fico fazendo pensamentos sobre Teatro também. O tempo todo. Questionável sem fim, cheio de curvas. Mas, parece que ele parece ser perfeito. Com seus lugares, a gente acaba dizendo o indizível. Acho que ele vale por isso, quando a gente consegue dizer o o que é não-dizível pela vida vivida. Sabe? Eu só procuro isso no teatro. Um desassossego.
E a peça é Fala comigo doce como a chuva. Meu Deus, se alguém se esforçasse tanto não conseguiria um nome tão perfeito nos dias de hoje. Falar como a chuva, docemente. Afinal quem já não deu um sorriso de canto de boca quando ouviu a chuvar cair num imprevisto? Se ela caísse agora eu até choraria. Quem já não parou tudo pra ouvir o barulho...da chuva? Quem já não teve respeito por ela?
Chuva, um recado. Parece.
Samira